O estabelecimento das relações diplomáticas entre o Império Russo e o Reino de Portugal

Rússia e Portugal estabeleceram relações diplomáticas relativamente tarde. Em várias publicações, esse fenômeno é explicado principalmente pela distância geográfica entre os dois países, o que é de certa maneira é a simplificação do problema em questão. O impacto do factor geográfico é inegável, mas não pode por sí próprio explicar bem, por exemplo, por que o Império Russo estabeleceu relações oficiais com Espanha quase sessenta anos antes do que fez o mesmo com a Corte Real de Lisboa. Parece que a conjuntura internacional e os factores de desenvolvimento interno de ambos os Estados desempenharam um papel de maior importância nesta questão. No final do século XV e início do século XVI, Portugal estendeu a sua esfera de interesses muito para além da sua própria região, para a América do Sul, África, Índia e Extremo Oriente. No final das contas, os recursos limitados do país, combinados com a necessidade de garantir a preservação do vasto império colonial, predeterminaram a sua dependência da Grã-Bretanha, a qual garantiu a sua segurança. No século XVIII, os custos dessa dependência superaram os benefícios potenciais. Rússia no século XVIII era um poderoso Estado em desenvolvimento dinâmico, que mudava de forma activa o equilíbrio tradicional de poder na Europa e estava interessado no desenvolvimento do comércio marítimo. A ideia do estabelecimento das relações com Portugal apareceu durante o reino do Pedro I, mas este objectivo só foi atingido no final do século durante o reino da Catarina II. O factor geográfico teve um impacto significativo no atraso do processo de reconhecimento mútuo, mas a convergência dos interesses dos ambosos países e a situação internacional favorável foram cruciais.

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