Fernando Pessoa: Portugal no coração
https://doi.org/10.46272/2409-3416-2023-11-3-32-53
Resumen
O nome do grande poeta e publicista português Fernando Pessoa (1888–1935), desafortunadamente, ainda é pouco conhecido pelo público russo. O reconhecimento mesmo em Portugal só lhe chegou depois da sua morte. Para além dо seu talento excecional, o poeta chegou a ser famoso por escrever as suas obras sob os nomes dos autores fictícios (mais de 42), que foram apresentados como pessoas reais. Porém, cada «heterónimo» dele tinha a sua biografia e o seu próprio estilo literário. A maioria dos pesquisadores das suas obras (dos mais reconhecidos é o crítico literário britânico R. Zenith), falando do «fenômeno Pessoa», chegam à conclusão de que as «singularidades» deste poeta eram resultado dos traços especiais do seu carâter, do amor pela sua pátria — Portugal e a língua portuguesa — e do mito sobre o Rei D. Sebastião (século XVI). O poeta, profundamente submergido no seu mundo interno, desde miudo não separava as suas fantasias da realidade, mostrando contudo uma surpreendente sensação própria desta realidade e o único senso de previsão. A evolução das suas ideias políticas: do republicanismo na juventude até o «monarquismo científico» na idade madura, testemunhava de que o poeta jamais parou na sua pesquisa do mundo externo, propondo às vezes os bem originais métodos de como entender a sua essência. Contudo, ele revelava certa semelhança com tais filósofos russos, como M.M. Bakhtín e A.F. Lósev. Na herança político-filosófica de F. Pessoa o mito do Rei D. Sebastião e a ideia do «Quinto Império» estavam ligados à formação da própria identidade nacional portuguesa, sem a qual ele não imaginava o desenvolver da sua pátria. As utopias nas obras dele não desmentiam a realidade, mas criativamente desenvolviam e completavam-na. Em parte, as utopias eram uma espécie de respostas ao endurecimento da reação política mesmo dentro e fora de Portugal nos anos 30 do século XX. O símbolo do reconhecimento post mortem de Pessoa como um «Grande poeta português» foi a trasladação dos seus restos ao Mosteiro dos Jerónimos em 1985, onde ficam os restos de Vasco da Gama, de Luís de Camões e do Rei D. Sebastião.
Del autor
B. F. MartynovRussian Federation
Boris F. Martynov, Dr. em ciências políticas, professor catedrático.
119454, Moscovo, avenida prospect Vernadskogo, 76.
Referencias
1. Караганов С.А. (2021) В этом мире Россия должна быть крепостью, Россия в глобальной политике. URL: https://globalaffairs.ru/articles/krepost-rossiya/ (accessed: 01.08.2023).
2. Лосев А.Ф. (1990) Из ранних произведений. «Диалектика мифа». Москва, Правда, 655 с.
3. Ливен А. (2020) Прогрессивный национализм, Россия в глобальной политике, № 5, с. 25–42.
4. Уткин А.И. (2000) Забытая трагедия. Россия в Первой мировой войне, Смоленск, Русич, 640 с.
5. Хаас Р., Капчан Ч. (2021) Новый концерт держав, Россия в глобальной политике. URL: https://globalaffairs.ru/articles/novyj-konczert-derzhav/ (accessed: 01.08.2023).
6. Ferguson N. (2011) Civilization: The West and the Rest, New York, The Penguin Press, 464 p.
7. Simões J.-G. (1971) Vida e obra de Fernando Pessoa, Lisboa, Bertrand, 700 p.
8. Zenith R. (2022) Pessoa. An Experimental Life, London, Penguin, 1055 p.
Recensión
Para citar:
Martynov B.F. Fernando Pessoa: Portugal no coração. Cuadernos Iberoamericanos. 2023;11(3):32-53. (In Russ.) https://doi.org/10.46272/2409-3416-2023-11-3-32-53
For citation:
Martynov B.F. Fernando Pessoa: Portugal in His Heart. Cuadernos Iberoamericanos. 2023;11(3):32-53. (In Russ.) https://doi.org/10.46272/2409-3416-2023-11-3-32-53