O fado de Lisboa e o seu estudo no contexto da história de Portugal

No artigo é examinado o fado de Lisboa e o seu desenvolvimento no contexto histórico e no do seu estudo científico. O fado, definido às vezes como romance urbano português, constitui um fenómeno cultural cuja importância ultrapassa de muito os limites desta classificação e em geral o quadro da cultura musical. Virou uma parte importante da cultura tradicional de Portugal, elemento significativo da imagem do país, atravessando durante a sua relativamente breve história várias fases de evolução. Surgindo e existindo na primeira etapa como elemento do folclore das camadas baixas da população lisboeta, foi posteriormente objeto de apropriação cultural por parte da aristocracia e burguesia que viam nele a expressão do espírito do povo, da mentalidade dos portugueses. Com ele, em particular, eram ligados os traços do caráter nacional que costumam ser resumidos no conceito de saudade, ânsia melancólica ou trágica por coisas longínquas, inacessíveis, frequentemente já pertencentes ao passado. Por outro lado, o fado era amiúde condenado e estigmatizado como um género baixo associado com as classes marginais e com o atraso e a decadência do país. Na primeira metade do séc. XX produz-se uma profissionalização do fado e um aumento do seu prestígio, ele penetra no palco teatral, ganha popularidade junto do público mais amplo, fica conhecido no estrangeiro. Em grande medida isto acontece graças às inovações duma nova geração de autores e intérpretes, em particular, de Alfredo Marceneiro, Hermínia Silva e Amália Rodrigues, às vezes reunidos sob a denominação de “triângulo do fado”. A importância do fado para a cultura portuguesa e universal foi reconhecida pela sua inclusão em 2011 na lista do Património imaterial da UNESCO.

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