Relações entre Brasil e Espanha sob Bolsonaro

As relações  bilaterais entre a Espanha e o Brasil  durante o governo Jair Bolsonaro foram arrebatadas pela oposição europeia às políticas brasileiras   na  área  de  meio   ambiente e  pelo trato  desastroso do   governo   de   Brasília  no   tocante  à  pandemia de  COVID-19. A abordagem deliberadamente negligente de Bolsonaro em  relação às  mudanças climáticas e  ao  desflorestamento   levam  governos europeus à se opor publicamente à ratificação  do  acordo de livre comércio Mercosul  – União  Europeia, assinado em  2019 após 20 anos de  processo negociador.  Em  maio   de 2016,  as partes realizaram a troca de ofertas que, eventualmente, levaria à assinatura do acordo. A oferta inclui bens, serviços, investimentos e compras governamentais, e foi  realizada  em  contexto  particularmente  favorável, em  função da chegada de governoscom inclinações neoliberais na América do Sul, de uma tendência protecionista global no  que tange ao comércio internacional e,  por  fim, do  esvaziamento da Organização Mundial do  Comércio como instituição promotora da liberalização comercial. No entanto, países como França, Áustria e Holanda são vocais em sua oposição ao acordo, o que poderia inviabilizar a ratificação do mesmo. Longe dos holofotes, no  entanto, o governo espanhol trabalha pela ratificação  do  acordo.  Além  disso,   Madri  nutre laços estreitos com seu   parceiro sul-americano,  para  angariar benefícios do   processo de privatização comandado pelo governo Bolsonaro. O artigo avalia como a Espanha emergiu de um  parceiro relativamente  secundário do  Brasil  no  século XX,  para um  dos maiores investidores externos diretos no país sul-americano. Avaliamos os resultados da assinatura da  Parceria Estratégica  Brasil-Espanha  em   2003,  e  os   principais desafios dessas complexas relações bilaterais, que procuram manter sua identidade em relação às relações entre Brasil e União Europeia.

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